quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Maria do Santíssismo, a maior naïf do RN, em exposição no Agosto da Alegria 2013

Com acervo próprio de Iaperi Araújo e da Pinacoteca do Estado, será realizada a partir desta quinta uma retrospectiva da obra de Maria do Santíssimo, reconhecidamente a maior representante da arte primitiva potiguar.
Maria do Santíssimo  fabricava seus pinceis e pintava com anilina
A Secultrn/FJa realiza nesta quinta-feira, 29, a partir das 15h30, a solenidade de pagamento dos editais Palhaço Facilita, Deífilo Gurgel e III Salão de Arte Chico Santeiro. Os recursos, oriundos do Fundo Estadual de Cultura, somam R$ 242 mil reais e beneficiam diretamente 71 grupos e artistas populares de todo o RN. No mesmo fim de tarde, será lançado o livro A Arquitetura Tradicional de Acari, no século XIX, de Paulo Heider Feijó, e também será inaugurada a grande exposição de Maria Santíssimo (1890/1974), a pintora naïf que conquistou salões de arte em seu tempo.

Com obras doadas por Iaperi Araújo à Pinacoteca, mais algumas de seu acervo pessoal e outras que já pertenciam ao Governo do Estado, o Agosto da Alegria 2013 realiza a exposição Uma Canção Ingênua - Maria do Santíssimo, retrospectiva histórica da pintora que criou um estilo próprio da arte primitivista. Santíssimo tinha o nome da mãe de Deus, mas se tornou mãe de um estilo peculiar da arte naïf, utilizando a técnica da anilina sobre o papel.

A exposição é composta por obras do acervo de Iaperi Araújo e da Pinacoteca 
Autodidata, começou a pintar aos 9 anos, no povoado de São Vicente, interior do Rio Grande do Norte. Em meio às pouquíssimas condições materiais, fabricava seus pincéis a partir de palitos da folha do coqueiro e inspirava-se na fauna e na flora da região. Mesmo com a dificuldade, Maria demonstrou talento e sensibilidade para a criação artística, desde sempre pintando em papel almaço e papel de embrulho com anilina.

A técnica, embora rústica e primitiva, proporciona a caracterização de um estilo único e pessoal, enquadrando-se como arte naïf, por não ser ligada a nenhuma escola ou tendência, na ousadia de pintar sem regras. Até ser descoberta nos anos 60 pelo pintor e conterrâneo Iaponi Araújo, irmão de Iaperi, as pinturas de Maria do Santíssimo geralmente decoravam baús de roupas, tralhas domésticas, oratórios, e até paredes das salas de visitas de São Vicente. Por conta dos afazeres domésticos, e a necessidade de cuidar dos filhos, ela já tinha parado de pintar, mas Iaponi foi o responsável por apresentar Dona Maria aos salões de arte do país e fazê-la retomar gosto pela pintura.
Maria do Santíssimo foi aclamada por críticos em sua época, e sua arte está presente em museus 
Iaperi Araújo, que será curador da exposição, relata como foi a reconciliação de Maria do Santíssimo com os pincéis. “Já tinha mais de 70 anos e os materiais de pintura. Daí, foi buscar bem no passado a criatividade que ainda estava guardada. E pintou muito. Cajus, castanholas, cravos e cravinas, melindres, florões de guirlandas de enfeitar altares, galos, pavões, burricos, patativas.  Era uma quase compulsão catársica se desmanchando de boniteza na intensa e equilibrada disposição crômica de um trabalho aparentemente rude, mas de uma pureza e ingenuidade que conquistava a todos.”

Após sair do anonimato, sua arte passou a ser elogiada, consagrada como uma das melhores do País. Seus trabalhos expostos nas galerias de grandes museus brasileiros e até na Trienal da Pintura primitiva de Bratislava, Tchecoslováquia. Tem obras no acervo da Pinacoteca Potiguar, Museu de Cultura Popular de Natal, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Museu do Folclore do Rio de Janeiro, no Palácio do Itamarati, em Brasília, e no Museu de Pintura Primitiva de Assis, em São Paulo.



SERVIÇO:

Pagamentos dos editais Palhaço Facilita, Deífilo Gurgel e III Salão de Arte Chico Santeiro, Apresentação da Orquestra de Violinos de Goianinha, vernissage da exposição Uma Canção Ingênua - Maria do Santíssimo e lançamento do livro A Arquitetura Tradicional de Acari no século XIX – 28 de agosto, a partir das 15h30, Pinacoteca do Estado.

Agosto da Alegria 2013 - Programação completa no site www.cultura.rn.gov.br

(Texto original de Luiz Philipe Barros, referente à Maria do Santíssimo, editado por Eliade Pimentel). 

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