A Secretaria Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto (Secultrn/FJA) segue com vasta programação em Mossoró. Depois do 2º Concerto Oficial da Orquestra Sinfônica do RN (OSRN), no Teatro Dix-huit Rosado, na segunda-feira, 26 de setembro. Nesta terça, é dia de Concerto Didático da OSRN no mesmo local, a partir das 9h. À tarde, no Auditório da Biblioteca Ney Pontes, a partir das 15h, haverá reunião para discutir a situação do Teatro Lauro Monte Filho com a classe artística e presença da secretária Extraordinária de Cultura, Isaura Rosado, e a secretária Estadual de Infraestrutura, Kátia Pinto, que vai traçar um cronograma de execução das obras do referido Teatro. Na quarta-feira, 28 de setembro, será o ponto alto das atividades culturais da Secultrn/FJA em Mossoró, que ocorrerá na Galeria de Arte Memorial da Resistência, a partir das 18h30, com a seguinte programação:
· Abertura da Exposição “Joias da Pinacoteca”, com obras de Parreiras, Maria do Santíssimo, Moura Rabelo e Abrahan Palatinik.
· Assinatura do Termo de Convênio entre o Governo do Estado, representado pela Secultrn/FJA e a Prefeitura de Mossoró, para catalogar, digitalizar, publicar em meio magnético e disponibilizar o acervo do fotógrafo Manuelito Pereira dos Santos Magalhães Benigno, que conta com milhares de imagens que registram a cidade de Mossoró, em vários aspectos, costumes, pessoas e arquitetura, no período entre 1933 a 1980.
· Lançamento da revista Preá # 24, sob o tema “Mar e Sertão”, editado pelo coordenador de Comunicação da Secultrn/FJA, Mário Ivo Dantas Cavalcanti.
· Lançamento dos livros “O Teatro Brasileiro na Visão de Meira Pires, Procópio Ferreira e Raul Cortez”, organizado por Maria do Nascimento Bezerra, contendo depoimentos desses três grandes ícones do teatro brasileiro, a partir de entrevistas deles nos anos 1970. E a obra “Repouso do Adônis - Bocas que Murmuram”, que traz duas peças teatrais do jornalista e escritor, Paulo Jorge Dumaresq.
Acervo Fotográfico de Manuelito
O ar interiorano da cidade no início do século XX, seus habitantes e a arquitetura de Mossoró foram foco constante do olhar apurado do fotógrafo Manuelito Pereira dos Santos Magalhães Benigno, considerado um dos mais importantes fotógrafos de Mossoró. Foi ele quem registrou momentos históricos como a inauguração de uma das pontes que ligam o Centro ao Alto de São Manoel. Agora, a partir do convênio entre Prefeitura de Mossoró e Secultrn/FJA, a obra fotográfica de Manuelito ficará preservada para a posteridade. Mais de 40 mil imagens serão catalogadas, digitalizadas e publicadas em meio magnético com a finalidade de tornar ainda mais pública e divulgada esse que é o registro de uma cidade e seu povo.
Em agosto completou-se 100 anos de seu nascimento. E, para a secretária Extraordinária de Cultura e FJA, Isaura Rosado, não haveria momento melhor para homenagear e prestigiar a importância do legado fotográfico deixado por Manuelito.
Para o fotógrafo Giovanni Sérgio, Manuelito compôs em imagens a história de Mossoró, por quase meio século, como nenhum outro profissional da área fez em cidades do Estado.
O Teatro Brasileiro na visão de Meira Pires, Procópio Ferreira e Raul Cortez (organização, Maria do Nascimento Bezerra)
Inácio Meira Pires é, certamente, o dramaturgo potiguar de maior projeção nacional de que se tem conhecimento. Foi ele quem criou, lançou e programou a implantação do Plano Nacional de Popularização do Teatro, na época em que dirigiu o Serviço Nacional de Teatro. Conseguia aliar talento para escrever peças e gerir administrativamente setores públicos culturais, como é o caso do Teatro Alberto Maranhão. “Comecei minha carreira artística fazendo circos no quintal da minha casa, na Rua São José, no glorioso município de Ceará-Mirim. Ali, ainda muito moço, vi despertar a minha vocação artística”, assim começa a parte de entrevistas de Meira Pires no livro, que traz importantes informações como a reforma no Teatro Carlos Gomes (atual Alberto Maranhão) e peculiaridades como as opiniões de Meira Pires a respeito da inserção de palavrões nos textos teatrais.
Considerado um dos maiores atores da dramaturgia brasileira, o livro também realça desempenho e a importância do “príncipe dos atores”, Procópio Ferreira, pai da gloriosa Bibi Ferreira. Em certo trecho da entrevista concedida em maio de 1975 no Hotel Internacional dos Reis Magos, em Natal, a pergunta: “O senhor sempre foi um home de teatro? E a resposta: Sempre, desde os seis anos quando fui ao teatro pela primeira vez, não como ator, mas como espectador (...). Desde que assisti ao primeiro espetáculo nunca mais deixei de pensar em fazer teatro”.
Sua primeira peça foi Amigo, Mulher e Marido, fazendo o papel de um criado, em 1917, no Teatro Carlos Gomes. Seu maior sucesso no teatro foi o espetáculo Deus lhe Pague, de Joracy Camargo, com o qual viajou o país inteiro e foi para o exterior. Participou de mais de 400 peças e teve uma carreira de mais de 60 anos.
No capítulo Um ator definindo seu espaço, o leitor será tomado pelas histórias e trajetória profissional do saudoso Raul Cortez, que tinha fortes laços com o Rio Grande do Norte e que concedeu essa entrevista durante uma estada sua em Natal. Cursando Direito, aos 22 anos Raul Cortez descobriu que sua vocação seria para os palcos. No livro, dentre outras informações, o leitor fica sabendo que sua estreia foi em 1955 e no cinema, no ano seguinte fez o filme “O pão que o diabo amassou”. Na peça “Os Monstros”, em 1970, encarou o primeiro nu no teatro brasileiro. Ao longo de sua carreira foram mais de 60 peças teatrais, 20 novelas e 28 filmes.
Repouso do Adônis e Bocas que Murmuram
O livro Repouso do Adônis e Bocas que Murmuram, de Paulo Jorge Dumaresq, traz, no primeiro texto, uma seleta de tipos nordestinos clássicos: a cafetina, o delegado, o caboclinho astuto, dentre outros. De acordo como o poeta Carlos Henrique Leiros, que escreveu a orelha do livro, a obra pretende esmiuçar a incômoda atuação da imprensa entre o denunciar e o ignorar. Ele afirma que, em qualquer redação, jornalistas, mesmo com ideologias antagônicas, debatem a própria condição de arautos da notícia. E é assim, passando do riso ao pranto, que Paulo Dumaresq conduz sua obra.
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