Abertura dos envelopes revelou um novo talento
seridoense e consagrou mais dois nomes já conhecidos da literatura potiguar
SecultRN/FJA
apresentou o nome dos vencedores do VIII Concurso de Poesia Luís Carlos
Guimarães, em solenidade pública realizada na tarde desta quarta-feira no Teatro
Alberto Maranhão. A abertura dos envelopes revelou um novo talento seridoense e
consagrou mais dois nomes já conhecidos da literatura potiguar. O 1º lugar foi
para a professora e poetisa curraisnovense Maria Marcela Freire; O 2º lugar
ficou com Márcio Simões, ensaísta, poeta com livro publicado, proprietário da
editora Sol Negro; E em 3º lugar vem o também ensaísta e poeta Paulo Caldas,
professor do IFRN em Ipanguassu, conhecido por ser um crítico de grande fôlego
teórico.
Todo o processo de apuração foi
acompanhado por Márcio Lima Dantas, professor de literatura da UFRN, junto aos
membros do júri Yuno silva e Adriano de Sousa. O terceiro membro do juri, Daniel
Dantas, não pôde estar presente na abertura dos envelopes. De acordo com Márcio
"O Prêmio LCG cumpriu seu propósito, que é fazer surgir novos
talentos poéticos, pois o primeiro lugar veio do sertão de Currais Novos;
o segundo e terceiros lugares,consolidam dois nomes já conhecidos na nossa cena
literária,” enfatiza.
A seguir, uma breve biografia dos
artistas e alguns de seus poemas:
1° Lugar - Maria
Marcela Freire
Curraisnovense,
seridoense e com muito orgulho norte-rio-grandense. Maria Marcela Freire, também
conhecida por alguns colegas de faculdade, trabalho e poesia como Mamafrei.
É
formada em Letras pela UFRN (Língua Portuguesa/Inglesa e suas respectivas
Literaturas), campus de Currais Novos. Foi aluna bolsista e voluntária de
Projetos de Extensão e de Pesquisa. É poetisa, possui um blog de poesia:
http://venusrenascida.blogspot.com.br/; é ministrante de oficinas de poesia e
coordenadora do grupo “Poesia Potiguar & Cia”.
Vivendo a perigo
Quero
amor silencioso,
balbucio
Quero
lamber teu rosto
igual
loba no cio.
Dança do ventre
Clara
odalisca
tua
roupa
c
a
i
no
ritmo
da
minha saliva.
Em nome da pele
Minha
pele anda tão faminta...
que
devoraria o teu toque
nas
curvas de uma esquina.
Braile
Aprendi
a domar
meus
medos
confiando
em meus
próprios
dedos.
2° Lugar - Márcio
Rodrigo Xavier Simões
Natural
de Caicó-RN, é graduado em Letras e mestre em Linguística pela UFRN. Publicou
resenhas e artigos de crítica literária nas revistas Preá, Badalo e Agulha. Tem
poemas publicados nos livros IV, VI, e VIII do Concurso de Poesia Luís Carlos
Guimarães, da Fundação José Augusto, anos 2004, 2006 e 2008 e no do 3º Concurso
de Poesia Zila Mamede, 2006. É editor e idealizador da Sol Negro Edições.
Publicou em 2008, pela Flor do Sal, o livro de poemas “O pastoreio do boi”.
NOTURNOS
I
tempo
pra perder, e ganhar com ele a paciência
tranquila
das horas amenas
quando
as ameixas do mato desfloram seus frutos
e
procuramos em vão, dentes cravados no pomo amarelo,
na
curva do morro pétalas e pistilos de corolas que caíram
II
uma
coluna negra de nuvens atravessa o céu
cindido
em dois – um lume claro de um lado
a
outro atrelado de acácias e cachos
de
estrelas
III
suave
o sair de casa, inalar o ar da noite
colher
do orvalho abrigo para a alma ressecada
IV
espalho
hábitos colhidos e escolhidos pelos dias
executo
engenhos, aplico-me a tarefas enquanto
uma
criança me desloca com a serenidade de um pequeno deus
V
caminho
sozinho pelas vielas até a beira do rio
imitando
o andar calmo de seu passo lento
e
refletindo descontínuo à face das águas
o
sol claro de céu à sombra das nuvens
3° Lugar - Paulo de
Macedo Caldas Neto
Graduado
em Letras/Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nasceu em Mossoró, mas reside em Natal
desde os 3 anos. Tem mestrado na área de Literatura Comparada pelo Programa de
Pós-graduação em Estudos da Linguagem-UFRN e atualmente é doutorando nesse
mesmo programa. Lecionou como professor efetivo nas Redes Públicas de Ensino do
Estado e do Município de Natal até 2011, quando saiu, após aprovação em
concurso público, para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte, onde leciona Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no
Câmpus de Ipanguaçu/RN.
LICOR DE POEMA
O poema -
R$ 1,50 no boteco mais próximo.
A
estrofe - exército rente à praça popular e sem generais, porque já não enganam
com o Apocalipse.
O verso -
o tiro de fuzil nos barracos infectos.
O ritmo -
bala perdida a cantar na dor dos eremitas noturnos
e nas
suas melodias sem êxito, obscuras de linguagem.
Metro -
antes o teor alcoólico restante na língua salitrada dos mestres corretos,
devorando
as musas do Parnaso numa nuvem hipócrita e repleta de algarismos.
Pobres
postulados, abrindo caminho para uma rebeldia nova: o uso do crack injetável na
veia do prazer. E agora, bolha de parasitas
de um
palácio saudita deformado.
Promiscuidade:
versos cabendo consoantes como centro da sílaba;
estrofes
brigadas do resto do conjunto; rimas fuziladas por diversão;
métrica
doente e fonte de veneno que mata, instantânea,
sem mais
tempo para o deleite.
Cicuta
que há muito constrói minha vontade do só sei que tudo sei
quando
me desafio
para
nunca querer saber do poeta,
que me
convence de
não
bebê-la.